27 de fevereiro de 2011

Os monos


A quase maioria dos clientes da Casa Dias não conhecia, como é de esperar, o armazém de tecidos que ficava na parte de trás da loja sede na Av. José Cabral.
Nesse armazém para além dos cortes, fazendas, botões, forros, entretelas, e um sem número de artigos, guardavam-se os chamados “monos”, que era tudo aquilo que não se vendia ao longo dos anos, por uma ou outra razão.



Há duas histórias emblemáticas contadas na família sobre uns monos em particular.

A esposa de uma figura pública de Nampula, pediu a dada altura um corte de tecido especial, para um baile que se ia realizar no Clube Niassa e onde esta senhora queria “brilhar”. Como era normal foi pedido para Portugal um corte de tecido com as características desejadas, que passado algum tempo chegou a Nampula. O tecido era deveras vistoso e a cliente ficou encantada com o material, tão encantada estava que quando perguntou o preço o meu pai disse o primeiro valor que lhe veio à cabeça, e pediu 1.000$00 pelo corte.
A senhora ficou algo aflita com o preço, disse que não estava preparada para dar tanto dinheiro por um corte de tecido, mas que gostava tanto dele que ia falar com o marido e que depois dizia alguma coisa. O meu pai tinha pedido muito dinheiro pelo tecido, apesar de ser muito caro para a altura, o preço dado era exorbitante.
No dia seguinte a cliente volta à Casa Dias e diz que falou com o marido e embora tivessem que fazer algum sacrifício para poderem pagar aquele valor, ia levar o tecido. O meu pai teve um rebate de consciência e disse-lhe então que se tinha enganado no preço e que de facto o valor era de 400$00.
Resposta imediata da cliente: “Ah Sr. Dias, eu bem me parecia que havia alguma coisa que eu não gostava neste tecido, não vou levar!”.
E assim ficou aquele mono durante anos no armazém, sempre conhecido como corte da esposa do....

Muita da mercadoria era comprada em lotes, do género, comprava-se um contentor com uma colecção de tecidos e o fornecedor enviava as “tendências” de moda, mas nem sempre estas tendências quadravam com os gostos ou mesmo com o clima da nossa cidade. Num contentor chegaram uma vez uma série de tecidos em lamé carregados de brilho, acompanhados de tecidos às franjinhas e como se não bastasse vinham também umas peles sintéticas muito apropriadas para vistosos casacos ou capas de peles, mas cuja venda era quase impossível.
Ali foram ficando ao longo dos anos, talvez se tenha vendido meio metro aqui ou ali, para fantasias ou coisa do género.
Estes tecidos estavam guardados nuns "penduradores" próprios, uma vez que não podiam sem dobrados ou enrolados.
Um dia houve ordens de cortar todos os tecidos e colocá-los à venda, em promoção, bem à entrada da loja.
Nesse mesmo dia quase toda a mercadoria foi vendida, a bem dizer, evaporou-se!
Por “coincidência” os lamés, as franjinhas e as peles entraram em promoção quando o Circo estava a fazer espectáculos em Nampula. E foram os artista do circo que compraram quase tudo!

24 de fevereiro de 2011

A alma da Casa Dias


À laia de listagem e depois de sondar a família, aqui vão os nomes de muitos dos funcionários que passaram pela Casa Dias, da maioria não sei sequer os apelidos ou pelo contrário os nomes próprios, mas tenho a certeza que muita gente me irá ajudar.
Lurdes (foi a primeira empregada)
Emília, Glória, Filomena, Ilda, Cecília Dias, Ivone Silva, Celso Fidalgo, Dulce Vieira, Fernanda Fidalgo, Maria José Fernandes-Mizé, Silvestre, Adão, Pombinho, Zarina, Conceição Aguiã, Maleca, Suzy, Elizabete, Mussa, Geninha, Pereira, Fernandes, Maria José, Manuel João Queiroz, Gomes, Alina, Jesus, Fernanda, Camilo, Hassane, Mesquita, Aiúpa, Manuel, Silva, Gonçalves, Rentuki, Chico, Saide, Pedro, Momade Ali, António Augusto Martins, Emilia Salgado , Preciosa, Alice Verissimo

Sócios: Acácio Dias, Francisco José Dias, António José da Silva

Agora vou precisar da ajuda de todos vós para completar esta informação.
Gostava de saber, nomes, apelidos, e os que faltam.
Também preciso de ajuda para saber de todas estas pessoas, os que já partiram, e por onde andam os que ainda estão connosco.

23 de fevereiro de 2011

IMAGENS

Hoje não me apetece contar história alguma em particular, por isso vou divagar um pouco sobre imagens/recordações.

Imprescindíveis os figurinos como a Burba, ou a Neue Mode,


ou o look Twiggy que tantas queriam imitar.
Os cabelos ripados dos princípios dos anos sessenta ou os escadeados dos 70.



Os Rapazes com camisas de bordados e calças à bica de sino
ou com uma bela camisa Rosa Negra (especial para os bailes!),
com corte de cabelo a “Beatle”, mais tarde à moda dos Doors.

A Barbie (por curiosidade tem a mesma idade que eu – um pouco mais nova já que “faz anos” a 9 de Março).
Como comentava no outro dia o Dino os famosos carrinhos da Dinky Toys ou Match Box, ou quando os meninos ainda podiam brincar com espingardas de plástico.

E estas bolinhas horrorosas com que brincávamos (que nome tinham?) e com que magoávamos os pulsos???

Para as meninas dos anos 40/50 quantas fizeram concursos de Hula Hoops.

E os concursos de Yo-Yo?? Da Coca-Cola Como não podia deixar de ser!
E para quem se lembra do jingle da rádio "Tudo vai melhor com Coca-Cola, com Coca-Cola grande, pra beber tudo o dia!"

... são apenas recordações que me levam a Nampula.

21 de fevereiro de 2011

QUEM SE LEMBRA?

QUEM SE LEMBRA?
QUEM GANHOU ESTE AUTOMÓVEL EM 1960/61?
A MEMÓRIA DOS MEUS PAIS NÃO ME AJUDOU DESTA VEZ.








20 de fevereiro de 2011

A Sapataria

A Sapataria Dias, nasceu no princípio dos anos sessenta e não chegou aos anos setenta.
Era mesmo ao lado Hotel Portugal, no prédio da Nauticos.






A inauguração da sapataria foi notícia de jornal e teve lugar a um beberete.
As fotos abaixo são do dia da inauguração, onde se podem ver alguns dos convidados, (onde reconheço o Sr. Paulo e Esposa D. Amélia e o Sr. Lopes), assim como o Sr. Fernandes que foi o gerente da sapataria desde que abriu até fechar, e que depois passou para a Camisaria Dias na Av. António Enes, o Sr. Silva e o Sr. Gomes.







Para além destas fotos, aqui vão alguns modelos dos anos 60 que vos trarão algumas recordações.





19 de fevereiro de 2011

Cecília Dias



Voltamos às histórias da Casa Dias

A minha tia Cecília, esposa de Francisco Dias era talvez a vendedora por excelência daquela casa.
Por um lado, porque tem um dom inato para vender, depois porque é uma Senhora bonita e sempre muito bem arranjada (recordo-me que nunca o seu penteado tinha um cabelo que fosse fora do sítio), acompanhava a moda (fosse nas suas vindas à Europa, fosse na “nossa" tão necessária BURDA), e por mais que não fosse, era esposa do patrão o que lhe dava um estatuto diferente aos olhos dos clientes.
Era frequente serem os meus tios a fazerem as compras em Portugal para a Casa Dias, por isso a minha tia, na maior parte das vezes já conhecia os artigos que iam chegar, e tenho a certeza que muitos dos “cortes” de tecido que tinha comprado, já estavam na sua cabeça destinados a algumas clientes, mesmo sem elas o saberem!

Havia umas quantas clientes daquela casa, que pela sua “antiguidade”, assiduidade e fidelidade, tinham e faziam questão de ter o privilégio de verem as novas colecções de tecidos antes destas serem postas à venda.
Que me perdoem as Senhoras das quais já não me lembro do nome, mas a Sra. D. Ema Osório, a Sra. D. Clotilde Lopes, a Sra. Dra. Fernanda Teixeira eram algumas destas clientes que eram “levadas” ao armazém de tecidos para fazerem as suas escolhas. Mas como disse anteriormente muitos dos “cortes” que lhes eram apresentados já tinham sido escolhidos para elas, e não raras vezes até o modelo do vestido estava escolhido!
A minha tia Cecília era a anfitriã e ao mesmo tempo a vendedora perfeita. Na venda de “cortes” penso que ninguém a conseguia superar.

Mas na Casa Dias, uma parte considerável dos empregados de balcão tinham quase todos a sua “especialidade”. Ao longo do tempo e conforme me vier à memoria irei contar as histórias de alguns deles.

17 de fevereiro de 2011

Torneios de futebol de cinco - Casa Dias



Sobraram estes dois recortes!!
Alguns de vós se calhar até jogaram...
Os recortes não têm data por isso não sei quando se realizaram, mas pelo menos temos os resultados.

10 de fevereiro de 2011

Foi a 19 de Setembro de 1955 que Acácio Ulisses de Queiroz Dias, “filho de Francisco José e Palmira Pinto”  (como ele gosta de dizer), se estabeleceu na cidade de Nampula, na Avenida António Enes com um pequeno estabelecimento de tecidos e moda a que chamou CASA DIAS, seguindo as pisadas do seu pai, que era o proprietário da Casa Dias da cidade de Braga.
Do pequeno comercio na Av. António Enes, abriu pouco depois uma segunda loja na Av. José Cabral, já com a colaboração do seu irmão Francisco José de Queiroz Dias.
Em 1957, é criada a sociedade Casa Dias, Lda., ficando a sua sede no edifício da Av. José Cabral, que é ainda hoje identificada em qualquer foto, como a CASA DIAS de Nampula, é desta loja que quase todos se lembram.
A Casa Dias da Av. António Enes continuou sempre a existir com vários departamentos distintos ao longo dos anos: camisaria, sapataria, e A Feira.
Por fim a CASA DIAS acabou por se sediar na Av. António Enes (onde afinal começou) agregando num só edifício todas as suas secções, ao que Acácio Dias gostava de chamar os “Armazéns Dias”.
A história é longa e alguns pedaços dessa história estão documentados, graças ao orgulho que o meu pai , Acácio Dias, sempre sentiu no seu trabalho.
Quero deixar aqui as memorias da CASA DIAS e de todos os que fizeram parte dela ao longo dos seus anos de existência. Quero também contar-vos um pouco da história da família Dias como pedra basilar do sucesso de uma loja que se tornou um dos ícones da cidade de Nampula.
Sem pretensões literárias permitam-me que diga que tentarei fazer jus a esta tarefa “... se a tanto me ajudar o engenho e arte...”