Histórias


Não tenho qualquer intenção de tornar este blog um relato cronológico e perfeito, mas antes um “contador de histórias” relacionadas com aquela loja, que a mim me deixou tantas saudades, e que tanto contribuiu para o meu orgulho em ser “Dias”.

Uma das histórias mais engraçadas que me recordo, passou-se por volta de 1970, nessa altura a Casa Dias começou a vender “pronto-a-vestir” para senhora.
Como é natural teve que se arranjar um espaço para fazer os arranjos (subir bainhas, apertar mangas, alarga o cós, etc.). Optaram por utilizar o armazém de brinquedos que existia no 1º andar, era um pequeno espaço por detrás das vitrinas do fundo.
Para isso foi preciso reorganizar e limpar o armazém. Nesta tarefa a certa altura encontraram-se uma bonecas (tipo dama antiga) com cara de porcelana, que depois de terem aparecido as bonecas de cara de borracha, os bebés chorões e as barbies, ficaram esquecidas nas prateleiras e passaram a “monos” já que ninguém as queria.
Mas estávamos nos anos 70 e aquelas bonecas seriam do final dos anos cinquenta, quando a Casa Dias começou a vender brinquedos. As nossas tão famigeradas baratas africanas, já tinham feito alguns estragos nos vaporosos vestidos das damas antigas, e alguns apresentavam um “rendilhado” muito especial.
Imaginem agora a cena, as bonecas saíram das prateleiras e havia que verificar se eram para deitar fora, ou para vender. De vez em quando ao abrir uma caixa lá saía uma ou mais baratas, pegava-se na boneca com dois dedos (que nojo!) e dava-se uma vista de olhos. Veredicto inicial: LIXO. Alguém com um coração mais piedoso ainda disse que se podiam dar para caridade.
Eis que um dos patrões decide: Vamos vender!
E lá tiveram todos que limpar as caixas, limpar as bonecas, dar-lhes um “jeito” e prepara-las para vender. Na cabeça de quase toda a gente o pensamento seria, “tanta trabalheira para nada”, aquela porcaria não se ia vender.
Bom, durante o fim de semana, a Casa Dias anuncia na rádio que na segunda-feira estariam à venda na FEIRA, um número limitado de bonecas antigas, com cara de porcelana, (anunciavam um preço irrisório tipo 5 ou 10 escudos).
Não assisti à abertura da Feira nesse dia, mas contavam depois que à porta havia uma fila interminável de senhoras à espera que a loja abrisse, e que depois de entrarem ainda houve uns pequenos desacatos, do tipo “eu peguei primeiro”, ou uma senhora puxava pelo braço da boneca outra pela perna!!
Certo é que as bonecas desapareceram em meia hora!
Esta era a uma das máximas da casa “pode-se perder, mas não se pode deixar de tentar ganhar”.

2 comentários:

  1. Vivi em Nampula.Andei na escola com a Lena,Lita e socializava me com elas também quando podia.Sou irmão da Paula e Ricardo. E interessante ver esta pagina e fotos da Lena Lita e Madalena. Se falar com a Lena, Lita e' o favor de dar um abraço apesar de nao as ver desde os 12 anos.Espero que estejam bem. Abraco eduardo(or Daducha or Ducha).

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  2. Eduardo Brites!!!
    Que bom saber de ti. Nós por cá todos bem.
    Manda-me notícias tuas.
    Beijos
    Lena
    hmqdias@gmail.com

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