17 de março de 2011

Em todas as famílias, creio eu, haverá sempre histórias para contar, umas mais tristes outras mais alegres. Os Dias têm algumas que vão passando de geração em geração, especialmente as que têm algo de anedótico.
O “especialista” das respostas sempre prontas e que davam azo às melhores anedotas da família era o meu avô Francisco.
Na sua loja de Braga, onde vendia tecidos, passaram-se alguns episódios dignos de nota.

O meu preferido, é o da seda da China.

Certo dia atendia o meu avô uma cliente que queria um tecido para mandar fazer um vestido. Esta cliente já era bem conhecida na casa, e todos sabiam que era um pouco esquisita, gostava de ver todos os tecidos possíveis e tinha alguma dificuldade em decidir-se. O meu avô era uma pessoa razoavelmente paciente, no entanto, com um sentido de humor algo peculiar.
Com esta cliente, desta vez, a venda estava difícil, a cliente não se decidia e queria ver cada vez mais tecidos, alegando que não era bem o que queria.
A certa altura o meu avô, farto de atender a cliente, diz-lhe que vai buscar uma seda especial. Foi ao armazém buscar um corte de seda, tão especial era que já tinha uns anos de casa sem se vender!.
Apresenta o tecido à cliente, “Minha Senhora, seda autêntica da China!”, a cliente olha para o tecido, diz que é muito bonito, mas lá vem as dúvidas da senhora, e pergunta:
“Oh Senhor Dias, mas isto é mesmo seda da China?”
O meu avô prontamente lhe responde: “Oh minha Senhora, seda autêntica da China, cheire por favor, até cheira a amarelo!”
黄色
Este tipo trocadilho, (o tecido velho que normalmente fica amarelo, e os chineses amarelos) com resposta pronta e convincente, é apanágio do sentido de humor do meu avô. É preciso presença de espírito e ao mesmo tempo um controlo fantástico para se conseguir dizer isto, sem titubear e ao mesmo tempo se manter sério. Ele conseguia-o na perfeição.

Sem comentários:

Enviar um comentário