
O “especialista” das respostas sempre prontas e que davam azo às melhores anedotas da família era o meu avô Francisco.
Na sua loja de Braga, onde vendia tecidos, passaram-se alguns episódios dignos de nota.
O meu preferido, é o da seda da China.
Certo dia atendia o meu avô uma cliente que queria um tecido para mandar fazer um vestido. Esta cliente já era bem conhecida na casa, e todos sabiam que era um pouco esquisita, gostava de ver todos os tecidos possíveis e tinha alguma dificuldade em decidir-se. O meu avô era uma pessoa razoavelmente paciente, no entanto, com um sentido de humor algo peculiar.
Com esta cliente, desta vez, a venda estava difícil, a cliente não se decidia e queria ver cada vez mais tecidos, alegando que não era bem o que queria.

A certa altura o meu avô, farto de atender a cliente, diz-lhe que vai buscar uma seda especial. Foi ao armazém buscar um corte de seda, tão especial era que já tinha uns anos de casa sem se vender!.
Apresenta o tecido à cliente, “Minha Senhora, seda autêntica da China!”, a cliente olha para o tecido, diz que é muito bonito, mas lá vem as dúvidas da senhora, e pergunta:
“Oh Senhor Dias, mas isto é mesmo seda da China?”
O meu avô prontamente lhe responde: “Oh minha Senhora, seda autêntica da China, cheire por favor, até cheira a amarelo!”
黄色

Este tipo trocadilho, (o tecido velho que normalmente fica amarelo, e os chineses amarelos) com resposta pronta e convincente, é apanágio do sentido de humor do meu avô. É preciso presença de espírito e ao mesmo tempo um controlo fantástico para se conseguir dizer isto, sem titubear e ao mesmo tempo se manter sério. Ele conseguia-o na perfeição.
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