1 de março de 2011

O princípio

Quando em 1955 o meu pai decidiu abrir o seu negócio em Nampula, era empregado do A. Teixeira e não tinha dinheiro para se estabelecer, muito menos com uma jovem esposa grávida.

Pediu ajuda ao seu pai Francisco José Dias, que tinha um comércio de tecidos em Braga – a Casa Dias. O meu avô era um homem honrado, trabalhador, austero (embora com um sentido de humor inigualável) e totalmente votado à família.
O meu pai sempre foi o sonhador, o ousado e quiçá o mais desobediente dos filhos, ajudar o meu pai a começar um negócio era para o meu avô uma decisão difícil. No entanto, graças ao grande amigo do meu avô o Sr. Manuel Franqueira, dono de uns armazéns de tecidos com o seu nome, na Rua do Almada, no Porto, o meu avô convenceu-se a ajudar o meu pai. E este grande amigo do meu avô também ajudou, pois deu ao meu pai crédito em mercadoria. (Na foto à esquerda Francisco José Dias e Manuel Franqueira)

Para o meu avô esta “aventura” do filho, num lugar tão longe, não o deixava descansado e mandou o outro filho, Francisco José ver como estava o irmão a sair-se.
A loja tinha aberto a 19 de Setembro, o meu tio chega no final do ano, e de facto a loja tinha um “pequeno” problema. No seu pouco tempo de vida, estava quase sem mercadoria para vender.
O negocio estava a correr bem, mas pouco faltava para fechar as portas por falta de mercadoria!
Com algum esforço, e a ajuda de alguns amigos a mercadoria para vender “apareceu” e o negócio continuou. Como conta o meu pai, uma das pessoas que o ajudou foi o Sr. Magalhães que também tinha uma loja comercial, e que tinha em stock alguma mercadoria que cedeu à Casa Dias.
Mas mais uma vez o Sr. Manuel Franqueira veio em auxílio do meu pai, dando-lhe crédito para mais mercadoria. Os Armazéns Franqueira e Gameira, no Porto foram sempre fornecedores de tecidos para a Casa Dias de Nampula, e talvez fosse de lá que saía a mercadoria mais requintada. Com o tempo outros fornecedores se foram juntando e, porque não, ajudando: os armazéns Eugénio Pinheiro em Viana do Castelo, os armazéns JAC do Porto, ASA – Agostinho da Silva Areias de Guimarães, Amadeu Mendes de Vila do Conde e muitos outros, que um dia vou tentar relembrar.

Como nota pessoal, lembro-me da visita que o Sr. Franqueira e a sua esposa Sra. Dona Zulmira fizeram a Nampula, apesar dos meus oito ou nove anos. Este casal recebeu-me em sua casa em Outubro de 1974, quando não pude voltar a Nampula e tive que começar as aulas no Porto.
Para eles a eterna saudade e carinho de todos nós (aqui não tenho dúvidas em falar por toda a família que teve o imenso privilégio de os conhecer).

1 comentário:

  1. Já tenho a certeza de que esta foografia foi tirada nas escadas da Quinta de Lago, do Tio Mauricio Queiroz, no dia do casamento de meus Pais, Mª da Conceição e Manuel, em 23 de Outubro de 1955.
    O Avô Francisco e o sr Franqueira eram daqueles Homens para quem a Amizade e a fidelidade eram questão de honra... Nunca as distâncias da vida - em espaço, ideias ou tempo - os afastaram.
    A eles a minha homenagem e um imenso obrigada pela lição de Amizade e verticalidade que souberam dar-nos

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