8 de março de 2011

As Senhoras da Sede

O tempo passa as memorias vão-se esbatendo, mas há imagens que nos ficam para toda a vida. A Casa Dias é para alguns macuas, a loja onde comprou a sua primeira farda da Mocidade, para outros onde comprava os carrinhos Dinky Toys e para outros ainda era onde iam fazer as compras de Natal, poderia continuar a citar muitos deste tipo de comentários que me vão chegando.
Para mim a Casa Dias era uma extensão da minha casa, e as memórias e imagens que me ficaram têm mais a ver com os meus pais, os meus tios e com as pessoas que lá trabalhavam, do que com o que lá se vendia.

Este preambulo para começar a recordar algumas das pessoas que trabalhavam naquela casa e das quais me lembro bem.

Quando precisávamos de roupa interior, lá chegávamos à loja e de mansinho íamos dizendo, “eu precisava de ...”, e em geral respondiam-nos “vai ter com a D. Dulce”, e era o que queríamos ouvir, a D. Dulce tinha uma paciência infinita connosco. Uma queria o soutien cor da pele, outra gostava mais dos conjuntos floridos, uma gostava da Triumph a outra da Maidenform, e a outra preferia a Tebe. Esta paciência tinha-a também com os clientes, vender roupa interior e lingerie naquele tempo era algo muito "reservado".


A secção que era o meu fascínio, era a perfumaria, colocada primeiro no lado direito da loja, passou depois para a parte central, sempre servida pela Glória, que para nós era uma compincha. Estava sempre disponível, mostrava-nos os perfumes, os cremes e toda a parafernália associada, deixava-nos cheirar, explicava como se usavam e para além disso deixava-nos “ajudar”: a fazer embrulhos; a expor; a limpar; a arrumar. A imagem que ainda hoje tenho é de uma mulher sempre muito bem arranjada e sempre bem disposta.


A Emília era mais uma tia, penso que era a única que tinha alguma mão em nós, talvez por ser uma pessoa muito afável, mas ao mesmo tempo muito séria, conseguia impor algum respeito e de uma maneira muito subtil metia-nos na ordem, para além disso conhecia muito bem os hábitos da casa e não nos deixava fazer o que sabia que não estávamos autorizadas. Mesmo assim passávamos também muito tempo com ela, também nos deixava “ajudar”. Era sem dúvidas uma das “almas” daquela casa, tinha muita clientela fidelizada que só ela atendia.



Estas eram talvez os três "pilares" da Casa Dias na Av. José Cabral, lembro-me também da Filomena, tenho dela uma recordação muito suave, uma menina de sorriso doce, infelizmente deixou-nos cedo demais, e deixou-nos muitas saudades.

3 comentários:

  1. A Emília!!! Tão bem me lembro dela! Lembro-me, também, que a minha mãe e a minha irmã Fernanda, gostavam de ser atendidas por ela. Lembro-me do seu casamento com o Araújo da farmácia... Gostava de saber dela. Continua, Lenita... estou sempre atenta às tuas "novidades". Um beijo.

    ResponderEliminar
  2. Lena, Vou tentando...
    A Emília tanto quanto sei vive para os lados de Coimbra, sei que o irmão dela, o Isidro, trabalhou muitos anos em Tomar com o Paulo da Marisqueira, e que agora tem um restaurante, mas não sei onde. Quando for a Tomar vou tentar saber.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Olá "Lenas". A Emilia vive em Coimbra e o marido, o Araujo, continua a trabalhar na farmácia e no mesmo "patrão", ou seja a Farmácia Duarte, do Drº Duarte, infelizmente já falecido, assim como a esposa. Kem está á frente da farmácia, é a Gracinha, a filha. Bj.

    João Fernandes

    ResponderEliminar